31.5.09

Postando de Londres

Chique, n[e?
Queria colocar uma foto, mas nao tenho cabo.
Queria falar sobre shakespeare, mas nao tenho tempo.

entao 'e so.

22.5.09

What time is it?

Minha idéia de felicidade:
passar a tarde na solidão de um play, trabalhando com cola quente.

P.s: Tô freekando - são 23h30 e sinto que preciso desesperadamente um papel celofane azul e três cartolinas vermelhas!

Sorte em baixa

Três vezes na vida encontrei dinheiro na rua.
Aos 17, no carnaval de Barra de São João, no meio do bloco das piranhas, achei uma nota que equivaleria hoje a 20 reais, toda pisoteada por foliões bêbados.

Aos 27, no revéillon de Búzios, aquele notão molhado de 50,00 trazido pelo mar até a areia da praia.

Aos 37 (mais precisamente ontem), na esquina da minha rua, foi a vez de uma reluzente moedinha de 50 centavos.

Essa retrospectiva sobre os tesouros do meu caminho me leva a três conclusões importantes:
- Ondas de sorte ocorrem apenas de 10 em 10 anos e eu acabo de queimar minha chance da década.
- Quando precisar desesperadamente de dinheiro, procure em lugares praianos, de preferência nos feriados em que bebidas alcóolicas sejam parte essencial da comemoração. Os donos tendem a praticar o desapego.
- Minha sorte piorou drasticamente nos últimos 10 anos. Desvalorização de 1000%.

(Problema: me apeguei à pequena moedinha. Depois de encontrá-la, enquanto ainda limpava o que eu sinceramente rezava para que fosse apenas terra, disse com carinho: “Você será minha moeda da sorte!”.
Por duas vezes, quis usá-la para pagar o ônibus, mas recuei na última hora.
Só que no caos da minha bolsa, ela se misturou a outras moedas de 0,50 e já não reconheço mais minha preferida.
Trágico, não?
Acho que é essa da foto acima. Mas não posso garantir.

P.S: moeda da sorte... post sobre biscoitos chinês... Repararam que estou meio mística ultimamente?
Por que será?
Resposta: Insegurança - estou em véspera de festa e de viagem e não sei qual das duas me afeta mais.

20.5.09

LIVRO NOVO - Entreguei essa semana!!

O programa Fidelidade deste blog garante alguns beneficios aos usuários (tá pensando o quê?).
O melhor deles, sem dúvida, é poder ler antes de todo mundo trechos dos livros que ainda não publiquei.
Acabo de entregar o próximo juvenil (o sexto) para a Rocco.
E aqui estão, em primeria mão - a orelha (aquela parte dobrada da capa que resume a história) e o início:
Quem disse que ficante é tudo igual?
Aos 13 anos, a romântica Mari e a decidida Carol ainda são BVs e nunca foram beijadas.
O novo livro de Angélica Lopes Ficadas e Ficantes mostra as descobertas dessas duas amigas a partir do tão esperado primeiro beijo.
Enquanto não encontram aqueles que vão merecer o título de “namorado”, Mari e Carol experimentam os tipos clássicos de ficantes. Entre eles, o Ficante Grude, o Ficante Sabonete, o Ficante Mancha no Passado e até o terrível Ficante Beija Mal.
Eca!

TRECHO
"Carol teve praticamente um ataque histérico ao perceber que tinha esquecido o gloss. Jogou todo o conteúdo da bolsa no banco de trás do carro do pai de Mariana e começou a procurar:
– Ai, meu Deus! Cadê?
A amiga, que ia no banco da frente, conferindo a simetria da franja pelo espelhinho do retrovisor, estranhou:
– Que foi?
– Nada. – Carol mentiu, sabendo que a amiga era uma ativista contra o uso de maquiagem. Para ela, um costume primitivo que a fazia parecer uma índia em dia de cerimônia, na melhor das hipóteses, e uma palhaça em noite de espetáculo, na pior delas.
– Esqueceu alguma coisa? – insistiu o pai de Mari. – A gente pode voltar.

– Não precisa, não, Tio Carlos – negou mais uma vez.
Tio Carlos jamais entenderia o significado de um gloss lambuzento e sabor cereja para uma menina BV a caminho da festa de 15 anos."

continua ...
(previsão de lançamento: 2010 - demora mesmo, não tem jeito)

18.5.09

Sabedoria Chinesa: mais vale o silêncio

Ao fim do jantar tailandês, enquanto eu falava sobre como era "interessante ter um blog
para se falar sobre tudo", quebro o biscoito da sorte e olha a mensagem que me sai:
"Mais vale o silêncio do que a mera tagarelice."

Ups - me fez refletir.
Se bem que... ao ver que a marca do biscoito era Hakuna Matata (termo popularizado pelo rei Leão da Disney que, pelo que eu saiba, de chinês não tinha nada), perdi todo o respeito por aquele oráculo.

14.5.09

Gripe Suína e a Vergonha da Minha Máscara Cirúrgica

Pode parecer pitoresco para quem tem menos de 30 anos.
Mas em priscas eras, mais precisamente nos anos 80, as fármácias não tinham produtos expostos em gôndolas no estilo self-service de hoje.
Muitos artigos altamente constrangedores, como absorventes íntimos, camisinhas, fraldas geriátricas, tinham que ser pedidos assim, na lata, encarando o balconista.
- Pois, não? - ele perguntava, quase adivinhando do que se tratava pela cor de suas bochechas em tom carmim.
- Hã.... ehh... hum... Nada não.
A maioria saia correndo.
Ou fingia estar com dor de cabeça e comprava uma aspirina (naquela época não tinham inventado a neosa, minha deosa, e o ácido acetilsalicilico dominava as paradas de sucesso)
Levava séculos até que uma adolescente, ordenasse, com segurança:
- Ei, você aí, me vê três pacotes de Sempre Livre!
(naquela época, ainda não tinham inventado o Intimus Gel, com suas 70 variações, com aba, sem aba, supeseca, seca e suave, e a gente tinha que se virar com três opções: sempre livre, moddess (que batizou o termo) e o terrível: Ela!, que só tinha uma linha adesiva vagabunda que vivia descolando.
Mas vou poupar vocês dos detalhes sórdidos dos meus ciclos do passado, afinal, esse post não é sobre aqueles dias, e sim sobre o fenômeno chamado "Vergonha Do Balconista Da Farmácia".
Que também se estende a outros tipos de comércio, claro:
- Moço, o corpete de tachinhas, com coleira, tem no meu tamanho?
- Que tipo de metralhadoras vocês têm, hein? Alguma em promoção?
- O chicote dá para parcelar em quantas vezes?
(espertos foram alguns laboratórios de análises clínicas que recentemente passaram a oferecer potinhos brancos, em vez dos transparentes.)

Ontem, tive uma greve crise da Vergonha do Balconista,
que não me aflingia desde 1984, quando o absorvente "Ela" ela saiu da minha vida.
O caso é que vou viajar daqui a 20 dias.
Não para o México - mas para 4 países, em que farei 6 viagens de avião, num total de muitos aeroportos, que nada mais são do que confluências infectas de vírus vindos de todo planeta.

- Quem poderá me garantir que o alemão ao meu lado no check-in em Munique não acaba de chegar de Cancun?
- ou que no corrimão da escada rolante em Londres não há um vírus trazido por alguém do Texas?
- ou que a inofensiva senhorinha de Portugal que me vende pastéis de nata não tem um neto que mora em Miami e está passando uma temporada com ela?
Quem? Quem?
Eu digo: A máscara cirúgica bico de pato.
Só ela salva.
Aos críticos que me julgam, eu pergunto:
Por que não? Just in case. Só para ter na bolsa. Tipo um rivotril de segurança.
O único inconveniente é pedir. Enfrentar o julgamento do balconista que, das duas, uma: vai te considerar neurótica ou infectada.
Em ambos os casos, além do desprezo, ele fará de tudo para se esquivar de você. Coisa que magoa e eu tenho sérios problemas com a rejeição.
Na primeira farmácia, nem olhei para o funcionário:
- Máscara cirúgica. - falei seca, meio para dentro, como uma senha.

Na segunda, pedi com raiva dos espertinhos que acabaram com o estoque da farmácia anterior. Os sem-vergonha agora estavam mais a salvo da gripe suína do que eu:
- Tem ou não tem, meu filho?
Na terceira, adotei um tom festivo. Afinal, se todas as pessoas da cidade estavam comprando máscaras cirurgicas, eu seria apenas mais uma:
- Oi, tudo bem?!! Aquelas máscarazinhas da gripe, do porquinho. Que estão aí nos jornais... Tem?

Na quarta, tentei fazer a linha investigativa:
- Mas me diz uma coisa: "não tem" porque vocês nunca tiveram ou porque o pessoal já levou tudo?

Na quinta, já descrente quanto ao futuro da humanidade, antecipei a negativa:
- Acabou, né? Pois é. Pessoal não perde tempo. Não tem previsão para chegar, não, né? Sabia.

No dia seguinte, me mandei para uma loja de artigos médicos e lá adquiri TRÊS lindos exemplares: a superultramaravilhosa bico de pato, de 7 reais, que nao passa nada, nem o bacilo da tuberculose (ufa! bom saber - foto acima), e outras duas decorativas, de 0,50 cada (foto abaixo). Uma delas, zelosamente reservada para um quase impossível interesse do Pedro.

Só que em vez de ficar tranquila após minha aquisição, uma ansiedade vem crescendo desde então:
Como uma pessoa que tem Vergonha do Balconista vai ter coragem de ficar circulando em aeroportos internacionais com uma máscara cirúrgica na cara?

Assim que eu colocá-la, alguém provavelmente vai achar que estou doente e me levar para algum isolamento eterno, numa quarentena de filme de ficção.
Pedro terá sua vida de volta e eu ficarei para sempre, vagando em hospitais europeus, prisioneira de uma suspeita, talvez já infectada por meus companheiros de cela.
Já posso ver as manchetes dos jornais:
Brasileira mascarada desaparece sem deixar rastros

Triste fim.
Bons tempos em que eu só me preocupava com a opinião um jovem balconista.
Bons tempos em que passar um repelente contra a dengue era um ato invisível e aceito socialmente.


P.S: Porco nunca foi meu forte. Vejam esse post de 2005!

9.5.09

Pé no Presente com Polly

As filosofias orientais aconselham: uma vez estando no presente... esteja no presente.
Colocar esse ensinamento em prática é o grande privilégio da infância. Me desculpem se pareço óbvia, mas, para quem tem menos de 8 anos, o futuro simplesmente não existe.
E nem falo da vida adulta.
Mas do futuro próximo: o banho dali a cinco minutos, o jantar dali a meia hora, o sono dali a duas, a escola do dia seguinte, a festa do sábado, a apresentação do balé no fim do mês.

Alguns pensamentos que JAMAIS passariam pela cabeça de uma menina de 5 anos brincando com sua Polly.
– Putz. Essa Polly está meio caída. Não posso esquecer de pedir outra pra mamãe. Vou aproveitar que no fim do mês, sem ser nesse fim-de-semana, no outro, é o meu aniversário. Nossa, já são 11h30! Hora do banho. Aliás... meu shampoo está acabando. Não me dei bem com esse novo Loreal Kids Explosão de morango. Aliás, morango em inglês é strawberry. Que fruta será que a professora de inglês vai ensinar amanhã? Amanhã é quinta, né? Claro. Ontem foi terça, dia do balé. Ai, por falar em balé! Será que o papai já consertou a câmera de filmar dele? Minha apresentação tá em cima. Quero tudo registrado. Pra mostrar para minhas netas, sabe?

Pensamentos que passariam pela cabeça de uma menina de 5 anos brincando com sua Polly.
Não faço a mínima idéia.
E essa é a graça.
Minha imaginação limitada sugere que seria algo como: "Oi, meu nome Polly, e o seu?"
Mas pode ser apenas mitificação da infância.
De qualquer forma, o foco é a Polly, que está ali, protagonista do presente, e não na lista de tarefa futuras que nos transportam para além do agora, pelo vício das livres associações.