27.4.13

Colégio São Paulo

Participei dessa rodinha-delícia na Biblioteca do Colégio São Paulo, RJ, a convite da minha amiga, escritora e professora Cristina Villaça, que está ali sentadinha ao meu lado. 
As crianças do 3o. ano tinham lido a "A Coitadinha" e estavam cheias de perguntas espertíssimas, como, por exemplo:
- Quantas versões você faz até achar que um livro está bom? 
Uau! E eles só tem 8 anos. 
Imagina quando crescerem.

Parabéns ao grupo de professoras, responsáveis por fazê-los pensar além do "Qual é o seu livro preferido?"

O Primeiro Concurso Literário a Gente Nunca Esquece

Ganhei o concurso literário da minha escola quando tinha 10 anos, concorrendo com um dos meus futuros best-sellers já mostrados aqui e ainda não publicados: "Kiki, a Minhoquinha que não tinha onde morar" (pois era claustrofóbica e se recusava a viver debaixo da terra). 
O prêmio que ganhei nesse concurso foi um livro intrigante, nem tanto pelo seu conteúdo, mas por sua escolha. 
Poderia ser um Monteiro Lobato? Sim.
Poderia ser um Machado?
Sim.
Ruth Rocha? Ana Maria Machado? Sim, sim. 



Mas não era nenhum desses.
Era um Mademoiselle Delly, pseudônimo dos irmãos franceses Jeanne e Fréderic, espécie de Sabrina da década de 30, com mais de 200 títulos lançados, todos em produção industrial, seguindo a fórmula fechada de "Moça-pobre-sofre-e-depois-casa-com-cara-rico-que-era-meio-frio-no-ínicio-mas-se-redime-pelo-amor".

Na época, lembro de agradecer meio sem jeito para a professora e ficar tentando entender porque aquele livro estava nas minhas mãos. 


Pouco tempo depois - já que a infância tem pressa e não é dada a elucubrações mais densas -, cheguei às seguintes conclusões:

1 - A coleção chamava-se  Biblioteca das Moças, então, isso significava que eu já era uma moça. 
10 anos, caramba!

2 - E mais óbvio ainda: a moça da capa era linda e loura. Como eu me sentia na época.

Ou seja: o prêmio só podia ter sido escolhido pela capa e em minha própria homenagem. (Como vocês podem ver a modéstia é inversamente proporcional à idade e passei anos acreditando cegamente nessa teoria)

Hoje, reencontrei por acaso a linda e loura moça da capa na minha estante. 
Ela estava com seu casto vestidinho azul, olhando para mim, como quem diz:
"Hum, você já faz luzes? O meu continua natural."

Claro que não vou resistir a redescobrir o que há por trás de 

"A Casa dos Rouxinóis". 

Quem sabe venha desse prêmio a minha veia folhetinesca?