29.3.09

O Fim do Show Ao Vivo - A-ha e Celulares

Morten Harket, vocalista do A-ha, está tão feliz em seu show no Rio, You´re a great audience, thank you, que resolve pedir um mimo à platéia:
- Come on! Clap your hands!
Na casa de shows, só fãs, do tipo que jamais negariam um pedido ao seu ídolo maior.
-Come on! - Morten, incentiva, diante da aparente timidez do público.
E nada.
Nem um clap.
Ninguém nem tchum.

Meio sem graça, o bonitão nórdico dá um olhar cúmplice para o tecladista, como quem diz "acho que eles não entendem mesmo inglês" e começa a bater palmas acima da cabeça. Gesto que até os bebês compreendem e que significa: "Será muito humilhante se vocês continuarem se negando a fazer isso por mim".

E, mesmo assim, ninguém se mexe.
E eu lá pensando:
-- Poxa vida, o cara vem da Noruega, tocar no Via Parque, e ninguém é capaz de fazer a felicidade dele?
Foi aí que eu, uma blasé convicta, que nunca bate palmas quando o cantor manda, que ouvia o A-ha há MAIS 20 anos só por causa da minha amiga Andrea Vianna e que apenas vagamente me lembro das letras das músicas, fico com pena do pobre Morten e começo a bater palmas em cima da cabeça, e acho até, que - num gesto de solidariedade digno dos grandes mártires da humanidade -, chego a balançar os braços e fazer um "urúú."

Mas Morten não me ouviu. Apenas desistiu de tentar interagir. A pláteia não podia bater palmas. Estava de mãos ocupadas, filmando vídeos escuros em que o personagem principal é a cabeça de quem está na frente, e tirando fotos terrivelmente fora de foco que serão todas deletadas depois.

Sim, senhores: os celulares trouxeram o impensável fenômeno do fim do show ao vivo. Atualmente, o público in loco prefere colocar um intermediário entre si mesmo e o artista, no único momento em que o contato poderia ser direto. Fãs na primeira fila agora assistem a tudo atráves do visorzinho minúsculo do celular.

Não sei se tal fenômeno se dá porque...
- cada um quer ter sua própria edição do show,
- ou se o registro ficou mais importante do que o momento,
- ou se as pessoas querem apenas provar que estiveram lá.
Quando, na verdade, não estiveram.

p.s: Como vocês podem notar, eu também tenho celular com câmera, com o qual tirei as fotos acima, mas juro que foram só duas e rapidinhas. Vi o show com os meus próprios olhos. Afinal, não fiquei duas horas no trânsito para ver tudo em escala 3x4.

8 comentários:

Laís Cristina disse...

Devo admitir!
Eu ADORO tirar fotos nos shows!!! Principalmente quando a Ivete tá no palco.. Mas também não fico alucinada a ponto de não curtir. Só tiro em média, umas 600 fotos!

Anônimo disse...

Hahahaha...Tadinho deles!!! rsrsrs

Angélica Lopes disse...

Laís, você tem bem cara de quem tira 600 fotos mesmo!

Anônimo disse...

Se eu tivesse lá, batia palmas com você! Ainda sou fã do A-ha! Tenho toda a discografia deles, mas confesso que os primeiros albuns são os que eu gosto mais. Foi bom o show? Eles estiveram em Madri quando morei lá, mas não consegui ir... Fica a recordação dos dois shows que fui no Rio, há uns trocentos anos atrás, na Apoteose (ainda se chama assim???). Foi no auge do Hunting High and Low. Foi muito bom!!! Quem sabe eles ainda aparecem por terras lusitanas? Fica a esperança... Beijos, com saudades!!! Dea

Natalia disse...

Muito bom!!!
Se eu ainda tivesse aula na faculdade, super roubaria esse tema.

Angélica Lopes disse...

espero não ver em seu blog.

Queicy disse...

AAAAAAAAAAAAAAhhhhhhh li e adorei PLANO B MISSÃO NAMORO.
Ótimo, você é d++++++++

Angélica Lopes disse...

brigada, lindinha!