
Se, de repente, um desconhecido que você nunca viu antes, lhe disser, fazendo charme e subindo a sobrancelha:
- Uau, hoje você está parecendo uma pintura barroca...
Não caia feito um Alejadinho de muletas, achando tratar-se de um elogio.
O sujeitinho não está querendo dizer que você é uma obra de arte ou um anjo caído de Ouro Preto - só encontrou um jeito de te chamar de gorda sem levantar maiores suspeitas.
As reproduções de Vermeer (acima) e Rubens (abaixo) não deixam dúvidas sobre os arredondados padrões de beleza renascentistas.

Numa mesma frase, seu interlocutor conseguiu não apenas te esculhambar, como ainda passar por grande conhecedor das artes. E pior: está certo de que você está feliz com a comparação e ainda vai achá-lo ilustradíssimo.
Meu recado vai em linguagem não-pictórica, com contrates fortes, cheios sombra, bem ao gosto da época:
-- Vai pro Caravagggio, meu filho! Barroca é a mãe!
P.S: Homens, atenção: nunca, nunca, nunca, jamais, em hipótese alguma, digam que uma mulher engordou.
Nem que ela seja uma pintura de Botero.

Simplemente não diga.
Outra lembrança:
A musa lá de cima, de vermeer, foi intepretada no cimena pela musa (da vez) de woody allen, scarlet johanson, que de barroca não tem nada.