Todo mundo com pressa, tentando comprar os presentes de Natal, enfrentando a fila das lojas americanas, se maldizendo por ter esquecido de pegar o durex na ida para o caixa, contando os minutos para chegar logo a folga de fim-de-ano, e o suor escorrendo, e as ruas lotadas, e o trânsito, e os turistas, e os pedintes, e os 171s, e os meliantes...
A cidade vai se transformando num Todos X Todos.
Ontem, entrei no ônibus com uma nota alta na mão e o cobrador simplesmente me EXPULSOU:
- Tem troco, não. Vai ali no pipoqueiro trocar.
Vou repetir:
"Vai ali no pipoqueiro trocar!"
Ele queria que eu saísse do veículo, comprasse um saco de pipoca, mesmo estando de dieta, mesmo não gostando tanto assim de pipoca, para fazer o trabalho dele que é de o TROCADOR (ou seja: pessoa que troca o dinheiro, hellou).
que vende o saquinho a 2,00,
mais barato que o preço da passagem (que era um frescão de 3,70),
só de olhar para minha nota também ia acabar
me mandando comprar uma palavra-cruzada no jornaleiro,
que me mandaria comer um pão de queijo no Rei do Mate,
que me perguntaria por que eu não dava uma passada lá na fármacia Pacheco, para ver se eu encontrava um Afrin...

De esculacho em esculacho, eu iria sendo massacrada em
em todas as biroscas cariocas até chegar em casa - a pé!
Diante dessa perspectiva e já meio esmagada e catatônica pelos
diversos episódios desse nível que ocorreram durante o meu dia, fui fraca e simplesmente aceitei:
- Eu vou. Mas senhor vai ter que me esperar, hein!
Olha como são as coisas: chamei ele de senhor!
Dei três passos para fora, olhei para aquela montanha de pipocas-doce e, num lapso de lucidez, peguei outro ônibus.
E ele, claro, não me esperou.
Cansativo, né?
p.s: Foi por causa de um desses esculachos
que não irei a São Gonçalo no sábado. Peço desculpas às meninas que estavam animadas,
principalmente à Mari e à Lílian, e prometo que vou arranjar outro jeito da gente se encontrar.
p.s: Leia o post abaixo e opine: será que fui esculachada só por que estou com lepra no nariz? Faria sentido...